Mostra do TRE-SP sobre quilombos é inaugurada no TRT-2 no Mês da Consciência Negra
Exposição foi adaptada para refletir relatos de colaboradores do Regional trabalhista, onde ficará exposta até janeiro

Nesta quarta (19), véspera do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a exposição “Quilombos: RasTREando nossas origens”, de autoria do Tribunal Regional de São Paulo (TRE-SP), foi inaugurada no Espaço Expositivo do Centro de Memória da Justiça do Trabalho da 2ª Região, na capital. A cerimônia de inauguração foi conduzida pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), desembargador Valdir Florindo, e contou com a presença do juiz Carlos Alexandre Böttcher, coordenador da Comissão de Gestão da Memória do TRE-SP. A mostra, com caráter itinerante, ficará exposta no TRT-2 até 23 de janeiro.
Inicialmente, a exposição surgiu a partir de fotos de visitas realizadas pelo TRE-SP a comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras, como parte do Programa de Inclusão Político-Eleitoral. O projeto visa incluir comunidades de difícil acesso no processo democrático, com a prestação de serviços de emissão e regularização de títulos e até a criação de novos locais de votação, mais acessíveis para essa população. A iniciativa concorre em uma das categorias do Selo de Qualidade Eleitoral, premiação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O resultado será divulgado em 10 de dezembro.
As fotografias da mostra, feitas pelo coordenador de Gestão de Imóveis do TRE-SP, Paulo Eberlein, foram acompanhadas por relatos de servidores com vivências em comunidades quilombolas. O servidor destacou a emoção de participar do projeto que deu origem à exposição. “É uma honra e uma alegria enorme expor aqui no TRT-2 e compartilhar esse trabalho.”
Para a exibição no TRT-2, a exposição foi adaptada, incluindo depoimentos de magistrados e magistradas, servidores e servidoras e colaboradores e colaboradoras do Regional trabalhista. A adaptação requereu cerca de seis meses de planejamento conjunto entre os Tribunais, esforço que demonstra e reforça o compromisso dos órgãos da Justiça com o Pacto Nacional do Judiciário pela Equidade Racial, além de estar alinhada à Resolução CNJ nº 599/2024. A exibição de “Quilombos: RasTREando nossas origens” ainda seguirá para o Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na Barra Funda, onde será exibida de 2 de fevereiro a 24 de abril de 2026.
Reconhecendo e viabilizando histórias
Em discurso na abertura da mostra, o coordenador da Comissão de Gestão de Memória do TRE-SP, juiz Carlos Alexandre Böttcher, destacou a relevância dos museus judiciários e o papel desses espaços na promoção da cidadania. “No caso do TRE-SP, é fundamental que cada pessoa saiba exercer seu direito ao voto e viver plenamente a democracia. Aqui também somos o berço, a Casa da Justiça Social. Então, estamos discutindo questões de inclusão, de políticas públicas e de acesso à cidadania. Isso mostra a importância de uma exposição como essa, que tem um valor muito além daquilo que se vê nas fotografias”.
O presidente do TRT-2, Valdir Florindo, ressaltou que os quilombos não representam um passado distante, mas constituem territórios vivos, marcados pela resistência, pela autonomia, pelos saberes ancestrais e por uma cidadania que persiste mesmo diante de inúmeras barreiras. “Essa exposição concebida pelo TRE-SP carrega em cada imagem uma afirmação política de que somos mais fortes quando reconhecemos quem fomos e quem somos verdadeiramente”, pontuou.
O desembargador também destacou a relevância das ações voltadas às comunidades quilombolas, lembrando que a história do Brasil foi profundamente marcada pela escravidão e por desigualdades que ainda se refletem no presente. “Reconhecer e viabilizar histórias como faz esta amostra, é também uma forma de reparação e justiça simbólica”, afirmou.
Florindo citou ainda o Dia da Consciência Negra e reforçou que a data deve ser entendida como um marco de memória, reconhecimento e compromisso. “Que este feriado não seja apenas um intervalo no calendário, que seja um dia de reflexão, inspiração e ação, porque a consciência negra não se encerra no dia 20 de novembro, ela deve correr todos os dias. Que essa exposição, portanto, nos inspire a seguir rastreando nossas origens e sobretudo a reimaginar com mais justiça e coragem os nossos futuros.”
Dia Nacional do Zumbi e da Consciência Negra
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é celebrado nesta quinta (20), sendo instituído pela Lei nº 12.519/2011 e estabelecido como feriado nacional pela Lei nº 14.759/2023. A data faz referência ao dia em que Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, o maior da história, teria sido capturado e morto, em 1695. A descoberta da data de sua morte ocorreu na década de 70 e resultou em encontros de participantes do movimento negro, procurando resgatar a memória e resistência dos povos escravizados. Assim, propôs-se o 20 de novembro como data para destacar o protagonismo negro na luta por liberdade, mantendo discussões sobre racismo e desigualdade social em detaque.

Exposição “Quilombos: RasTREando nossas origens”
Onde: Espaço Expositivo do Centro de Memória da Justiça do Trabalho da 2ª Região
Endereço: Rua da Consolação, 1.272, térreo
Período de visitação: Até 23 de janeiro de 2026














